quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Sorria, você está sendo descrito.

Tantos anos se passaram e esse álbum continua exposto. Na era do Smartphone. Na era da Selfie. Na era do Whatsapp.

Cada texto uma página do álbum. Cada parágrafo uma foto. Cada palavra um elemento da composição. Cada letra um pixel.

E em 2009 eu estava aqui, mergulhado nessas letras, sentindo cada um desses "pixels". Mas cada palavra vinha compor um parágrafo pesado, reflexivo. Eu era vestibular. Na verdade, eu me vestia de vestibular. Mas acho que ainda tinham vestígios de mim por trás da fantasia. 

Em 2010 eu prometi mudar de rumo, persistir, trazer futuro para a primeira página do meu dicionário. Afinal perspectiva deixa a gente leve. 

Em 2011 eu me acostumei com as mudanças, nem me lembro de promessas. A persistência não superou só a inteligência. A consciência e a sanidade também foram postas a prova.

Em 2012 eu rejeitei viver o hábito e me mudei pro frio, inspirei algo que chamei de liberdade. 

Em 2013 eu voltei pulsando mudança, mas tudo em volta ainda era 2011.

Em 2014 eu me inventei errado e caí no hábito de não ser eu.

Em 2015 eu acordo com uma dormência no tornozelo. Uma corrente me prendia. E já era uma corrente enferrujada que eu arrastava e ignorava o ruído por tanto tempo que eu nem lembrava mais. E o objeto velho levou a culpa por eu viver a vida intercalando entre tentativas e fracassos, ano a ano. 

Em 2016 eu abri o cadeado. A chave tava lá em frente àquela porta chamada consciência, em baixo do tapete chamado emoção.

Ainda não joguei a chave fora. Nem a corrente. Afinal é uma corrente longa que já passou por alguns anos e continentes, carregando o que eu chamo de passado mas que ainda está bem presente na memória. 

Quem sabe um dia eu não reciclo todo esse aço. Dá até pra construir uma ponte de hoje até 2021. 

"Onde estaremos aos 30?"
Mas deixa o futuro pra depois.

Cada ano uma renovação dos votos com a vida. Cada mês uma revisão dos planos. Cada dia agindo reativo aos alarmes. Cada minuto sem se dar conta de como o tempo passa tão rápido.




3 comentários:

  1. Na minha fase emo (detalhes) tinha uma musica que falava sobre quebrar correntes. Mas não vem ao caso. Falei somente pra Iniciar.
    Rô, a vida é uma caixinha de suspresas. E temos que aprender diáriamente que elas podem nos fazer mais fortes os mais fracos. Tem cadeado que prende a gente, e no fim das contas não servia pra nada. Talvez um dia a corrente sirva pra amarrar alguma coisa perto de você, pra não deixar ir pra longe. Não joga fora!e eu não sei dos meus 30. Sei que quero os 3o com vocês!

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  2. kkkkkk, ri com o comentário de Juh! "minha fase emo"... hahaha. assino embaixo (literalmente) do que Juh comentou. E amei o resumo, tchi. como sempre, tudo muito profundo e reflexivo! Amo <3

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  3. Poxa, Tchi, ainda tô digerindo o peso desse texto. Provavelmente terei que ler ele mais duas vezes pra tudo assentar. A gente sonhou tanto que esqueceu que a realidade sempre foi tentativa, erro e acerto. De algum modo parecia que de 2010 em diante os erros não iam mais existir. "A vida é sonho" mas às vezes precisamos ser puxados de volta à realidade.

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